Em minhas últimas publicações, especialmente no artigo As Competências Essenciais para Consultores de Sustentabilidade: Um Guia Abrangente para o Sucesso, eu tenho falado bastante sobre as competências necessárias para um consultor(a) de sustentabilidade e a importância de aprofundar seus conhecimentos em suas áreas de formação para integrar a sustentabilidade de maneira eficaz. Por exemplo, um consultor(a) de sustentabilidade, com formação em contabilidade deve possuir um profundo entendimento sobre as normativas da CVM, da IFRS, do Conselho a fim de adaptar as práticas de sustentabilidade dentro desse contexto e, assim, auxiliar os clientes na implementação da sustentabilidade em seus negócios.
No entanto, a sustentabilidade não é uma área que se encerra em si mesma, ao contrário é uma área transversal. Por isso, além dos conhecimentos específicos de sua área de atuação, é muito importante os consultores(as) receberem insights sobre o que está acontecendo pelo mundo afora. Quais são as tendências e desafios globais relacionados à sustentabilidade?
Há, contudo, um cuidado que devemos tomar em relação a esses insights. Sabe aquele medinho de não darmos conta do recado, ou até mesmo o medo de não conseguirmos absorver tudo, ou ainda de não conseguirmos convencer nossos clientes sobre a importância do nosso trabalho. Hoje eu quero me aprofundar um pouco mais sobre esse assunto, e te ajudar, caso esteja envolvido com ele!
Síndrome do Impostor: a luta interna pelo reconhecimento
A síndrome do impostor, também conhecida como fenômeno do impostor ou impostorismo, é uma experiência psicológica na qual as pessoas duvidam de suas conquistas e habilidades intelectuais, temendo serem expostas como fraudes. Essa dúvida persistente pode levar à ansiedade, estresse e à sensação de inadequação, impedindo as pessoas de assumirem novos desafios ou alcançarem todo o seu potencial. Algumas das principais características da síndrome do impostor incluem:
Dúvida e autodesconto: Indivíduos com síndrome do impostor minimizam suas conquistas e as atribuem à sorte, fatores externos ou cometer um erro que os outros não perceberam.
Medo da exposição: Há um medo persistente de ser "descoberto" como incompetente ou pouco inteligente.
Perfeccionismo: A síndrome do impostor pode estar ligada ao perfeccionismo, onde os indivíduos estabelecem padrões irrealisticamente altos para si mesmos e se sentem fracassados se não os cumprirem.
Esse conflito interno pode levar à ansiedade, estresse e sensação de inadequação. Também pode impedir que as pessoas assumam novos desafios ou atinjam todo o seu potencial.
Agora pasmem! A síndrome do impostor pode afetar qualquer pessoa. Há alguns anos acreditava-se que essa sensação só se manifestava em mulheres. Hoje, sabe-se que qualquer pessoa pode ser acometida por essa síndrome: homens, mulheres, pessoas de alto desempenho em qualquer área, desde estudantes e acadêmicos até profissionais de negócios, artes, ciências e, claro, nos consultores! É surpreendentemente comum, e muitas pessoas de sucesso experimentam isso ao longo de suas carreiras. Algumas das razões pelas quais as pessoas podem desenvolver a síndrome do impostor incluem:
Educação: Uma educação crítica ou falta de incentivo pode contribuir para a dúvida. Os incidentes de sua infância moldam você como adulto. Segundo a psicóloga americana Dra. Nicole LePera, “não ser ouvido” quando criança está ligado a problemas psicológicos na idade adulta. Seu trabalho como consultor é oferecer recomendações. Mas se as pessoas próximas a você nunca se importassem com suas opiniões, como você se sentiria ao aconselhar um CEO de uma grande multinacional? Eu já passei por isso, confesso que no começo da reunião eu estava insegura, até eu ouvir: “que bom que tenho você para me ensinar sobre esse assunto que para mim é grego”. Como assim? Se para um CEO sustentabilidade é grego, então deixa comigo que eu explico. Lembre-se: se ele te contratou é porque você sabe mais do que ele!
Perfeccionismo: Os perfeccionistas não se sentem satisfeitos até que tudo pareça exatamente como eles desejam. Eles estabelecem objetivos elevados e, quando os erram, sentem que não merecem sua posição. Isto leva a mais dúvidas e à sensação de ser uma “fraude”.
Ansiedade do sucesso: O medo do fracasso pode ser tão forte que ofusca as realizações.
Desafio: Muitas vezes a síndrome manifesta-se diante de um novo desafio, com uma promoção ou de repente uma palestra em um ambiente internacional para muitos doutores (eu já senti isso!).
De repente, um alto salário: se você está no começo de carreira de consultor poderá se surpreender com alguns rendimentos que você não tinha antes. Aí pode surgir aquela dúvida: será que eu mereço ganhar tanto? Claro, a carreira de consultoria oferece um salário lucrativo, mas inicialmente, todo esse dinheiro pode ser demais para você processar e você pode começar a sentir que não o merece.
Comparação social: Comparar-se constantemente com outros que parecem mais bem-sucedidos pode alimentar sentimentos de inadequação.
Trabalhar com pessoas muito inteligentes: O problema da consultoria é que ela atrai apenas os mais inteligentes dos mais inteligentes. Então, você conhecerá pessoas que conhecem mais “frameworks” de consultoria do que você, pessoas que trabalharam em mais projetos do que você, e que estão mais próximas dos clientes e parceiros seniores do que você. Se você está começando agora, essa sensação pode ser estranha, mas lembre-se que todos começaram um dia.
Lidar com essa síndrome envolve reconhecer seus sentimentos, focar em evidências positivas e buscar apoio de amigos, mentores ou terapeutas. O Dr. Jessamy Hibberd lembra que todo mundo erra e se sente inseguro às vezes, por isso, concentrar-se em aprender com suas experiências e celebrar suas conquistas pode ajudar.
Lidando com a Síndrome do Impostor: Orientações para Consultores de Sustentabilidade
Consultores de sustentabilidade desempenham um papel crucial na busca por soluções para os desafios socioambientais enfrentados pelo mundo. No entanto, sua dedicação a essa causa pode muitas vezes expô-los a sentimentos de síndrome do impostor, prejudicando seu bem-estar emocional e sua eficácia profissional. Aqui estão algumas orientações para ajudar os consultores de sustentabilidade a enfrentar esses desafios de forma mais eficaz:
Reconheça seus sentimentos: O primeiro passo para lidar com a e a síndrome do impostor é reconhecer e validar seus próprios sentimentos. É importante entender que esses sentimentos são comuns e não refletem necessariamente uma falha pessoal. Ao reconhecer e aceitar esses sentimentos, os consultores podem começar a lidar com eles de maneira mais construtiva.
Busque apoio: Não hesite em procurar apoio de colegas, mentores ou profissionais de saúde mental. Participar de grupos de apoio ou comunidades de consultores de sustentabilidade pode fornecer um espaço seguro para compartilhar experiências e obter orientação de pessoas que entendem os desafios específicos enfrentados pelos consultores nessa área.
Invista em autoconhecimento: Tire um tempo para refletir sobre seus próprios limites, necessidades e valores. Conhecer a si mesmo pode ajudar os consultores a identificar os gatilhos que desencadeiam sentimentos de síndrome do impostor, permitindo-lhes desenvolver estratégias mais eficazes para lidar com esses desafios.
Seja paciente: Leva tempo para construir relacionamentos e compreender inicialmente as funções do trabalho de consultoria. Então seja paciente. Tudo vai dar certo no final.
Celebre suas conquistas: Em vez de minimizar suas realizações, aprenda a reconhecer e celebrar seu próprio sucesso. Anote suas conquistas, por menores que sejam, e lembre-se de que cada passo dado em direção à sustentabilidade é significativo e digno de reconhecimento.
Aceite um salário alto: O primeiro conselho para superar a síndrome do impostor como consultor é aceitar verdadeiramente o fato de que seu robusto salário é justificado. Como consultor, você é responsável por resolver problemas, e essas soluções podem ajudar os clientes a economizar centenas de milhares e até milhões de dólares no futuro. Então, fique tranquilo, você está ganhando o que merece.
Concentre-se no impacto positivo: Em momentos de dúvida ou insegurança, concentre-se no impacto positivo de seu trabalho. Lembre-se de que cada projeto concluído, cada cliente convencido e cada mudança implementada contribui para um mundo mais sustentável e resiliente. Nosso cérebro aprende por repetição, então repita quantas vezes forem necessárias o quanto você é bom naquilo que faz.
Concentre-se em dar o seu melhor, e não na perfeição: Entregar é mais importante do que trabalhar na mesma tarefa até que esteja perfeita. E por falar nisso, o termo “perfeito” é subjetivo. O que é imperfeito para você pode parecer perfeito para o cliente. Então, dê o seu melhor, as respostas muitas vezes estão nas soluções mais simples.
Busque formação continuada: Esteja sempre em busca de oportunidades de aprendizado e desenvolvimento profissional. Aprimorar suas habilidades e conhecimentos técnicos não apenas aumentará sua confiança como consultor, mas também o capacitará a enfrentar os desafios da sustentabilidade com maior eficácia.
Elimine a negatividade da sua vida: A síndrome do impostor dá origem a pensamentos negativos. E se você consome negatividade o tempo todo, por exemplo, por meio de notícias ou de pessoas tóxicas, sua síndrome do impostor pode piorar. Então, é necessário que você guarde seus pensamentos e identifique os negativos assim que eles vierem à sua mente. Depois de identificá-los, repita: “Não, hoje não. Hoje, estou sem tempo para isso!”
Ao implementar essas orientações em sua prática profissional, os consultores de sustentabilidade podem fortalecer sua resiliência emocional, aumentar sua produtividade e ter um impacto ainda maior no mundo. Lembre-se de que cuidar de si mesmo é fundamental para ser um agente eficaz de mudança positiva.
Comments